sexta-feira, 8 de julho de 2011

India - Varanasi

Saímos da estação de trem e pegamos um tuk-tuk pra guethouse. O maldito motorista nos levou pra guesthouse errada, de proposito, claro, pq ele ganha comissão se ficarmos no comparsa dele. Mas como estavamos mto cansados, e o quarto tava razoavel, resolvemos ficar. Deixamos as malas no quarto e seguimos pra ver o famoso Rio Ganges. Por causa da época, logo antes das chuvas, o rio estava bem seco e podíamos ver um grande banco de areia na outra margem. O rio parecia bem sujo, mas ate então, nada demais pra quem já conhece o Tietê.
Descasamos um pouco no fim da manha, já que não tínhamos dormido direito no trem e fazia uns 40 graus lá fora. Quando acordamos pegamos um mapa da cidade com o dono da pousada e fomos ver e tirar fotos dos outros ghats, as escadarias que descem ate o rio.
Pegamos o rickshaw, o meio de transporte mais barato da india. É basicamente um bicicleta que puxa uma carroça pra duas pessoas. No meio do caminho, já estávamos com tanta pena do tiozinho que estávamos pensando em pagar a corrida toda mas descer no meio, só pra poupar as pernas do tio, mas ai chegou na descida e ele foi só descansando ate a avenida onde descemos. Por mais que seja um transporte comum, nós nos sentimos mal em ver uma pessoa fazer tanto esforço só pra nos levar de um lugar para o outro, por tao pouco dinheiro. Parecia mais um escravo!
Paramos pra almoçar num restaurante no centro da cidade que parecia meio caro mas limpinho, e depois seguimos para o rio. Os ghats principais eram bem grandes, e tinham muitos barcos parados, os outros menores tinham varias pessoas nadando, lavando roupas ou ate dando aulas de natação pra as crianças. O povo lavando roupa é engraçado porque eles colocam a roupa em cima de uma pedra ou madeira lisa e literalmente começam a descer a paulada na roupa. Eles usam um bastão de madeira e simplesmente batem na roupa ate ela decidir ficar limpa ?!?! E muitas lavadeiras remuneradas lavam as roupas dos seus clientes ali, no Ganges!
No caminho de volta para a guesthouse vimos um ghat de cremação, não o principal onde a cremação é praticamente 24/7, mas um menor onde haviam 3 corpos sendo cremado. Enquanto um corpo já estava no fogo, outro estava sendo coberto por galhos secos e o outro ainda estava tendo o rosto limpo pela família com agua do rio sagrado e recebendo uma oração. Depois de cremação, eles retiram das cinzas as jóias que estavam no corpo e jogam as cinzas no rio.
Obviamente que pra muitos indianos esse é um processo bem caro porque nao é qualquer pessoa que vai lá e queima um corpo, existem pessoas que você tem que pagar por esse serviço. Porém as pessoas que não tem dinheiro, pra garantir que o familiar morto vá para o rio sagrado, acabam jogando o corpo inteiro no rio. E isso não só com pessoas, animais também. Foi bem interessante ver tudo isso acontecendo por lá e ver como uma outra cultura lida com a morte de um jeito bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. Enquanto víamos a cerimonia a Ane puxou papo com o indiano do lado dela que mais tarde nos contou que trabalhava ali na cremação. Ela disse, "que triste isso ne?" ele respondeu: "triste? Pq?" ela disse: "pq uma família perdeu um ente querido" Ele falou: "nao, esse é um dia mto feliz pra eles pq esse parente vai para de reencarnar e alcançara Nirvana". Foi um papo curto mas muito interessante!!
Enquanto voltávamos pra guesthouse passando por vários ghats, percebíamos que entre os degraus, onde tem uma área que se pode caminhar, e que liga um ghat ao outro, as pessoas costumavam usar como banheiro, então vimos (e sentimos o cheiro) muitos cocôs espalhados pelo chão, e algumas vezes ate as pessoas fazendo os respectivos cocôs, então depois de andarmos por algumas horas e vermos tudo isso, estávamos praticamente decidimos que já tínhamos visto suficiente da cidade.

Então só uma retrospectiva, nós vimos no rio: cinzas de pessoas; animais inteiros, só enrolados em panos; pessoas usando o rio como banheiro(numero 2 mesmo!); animais vivos, tem muitos búfalos na região; pessoas lavando roupa; crianças tendo aula de natação; crianças brincando; pessoas tomando banho e acredite se quiser, gente abrindo massa de pão no chão dos degrais!! Bom, tire suas próprias conclusões !!

A noite depois da janta, enquanto voltávamos pra "casa", acabou a luz da rua, coisa bem comum na cidade, e tivemos que ir andando no escuro, com gente nos encarando, carros, motos e vacas passando por todo lado, chutando o lixo e com medo de pisar em cocô! Ficamos com medo pq se alguém quisesse nos fazer mal ou roubar, ninguém ia ver direito nem impedir! Graças a Deus, nao aconteceu nada e a luz voltou quando chegamos na porta do hotel!
No dia seguinte cedo saímos para um tour pela cidade de tuk-tuk. Visitamos a universidade de Varanasi, que é bem grande e cheia de jardins e árvores para todos os lados. E que também estava vazia porque era época de férias. Vimos o templo dos macacos, um templo que nao conseguimos ver do lado de dentro pq estava lotado de gente, mas que tinha muitos macacos, todos soltos do lado de fora, onde tambem vimos muito lixo, e consequentemente era o que os macacos comiam e usavam pra brincar. Vimos um outro templo que tinha um mapa bem grande do país no chão, como se fosse uma maquete, mas não vimos muito bem porque não nos deixaram entrar com os sapatos nas mão e deixar os nossos únicos tênis lá do lado de fora no degrau pra alguém levar nao era nossa intenção.
Depois dos templos fomos ver o processo de fabricação de tecidos, pra chales, saris e lençóis. Foi bem interessante e vimos desde como eles definem o desenho do bordado ate o tecido sendo feito na máquina de tecer. Tudo feito manualmente. E é claro que depois fomos levados pra uma loja onde eles nos mostraram todos os produtos que eles faziam ali. Acabamos comprando algumas coisas e fomos embora.
Chegamos na guesthouse por volta da hora do almoço, pegamos as malas e fomos almoçar. Decidimos ir cedo pra estação pra tentar não perder nosso lugar no trem. Acabamos tendo que ficar esperando por mais de uma hora sentados em cima das malas num chão imundo. Bom, toda a estação era tão imunda que ate tivemos que tirar o lixo pra poder por as malas no chão pra sentarmos.
Éramos os únicos estrangeiros na estação, então todos olhavam muito pra nós, ate que chegaram uns argentinos mas que logo foram para o fim da plataforma depois de conversarmos um pouco, então continuamos sendo o centro das atenções por ali.
Quando o trem finalmente chegou, fomos os primeiros a entrar no vagão. Já sentamos cada um em um banco e tbm colocamos as malas em cima pra garantir que só nós iríamos ficar nos bancos, que virariam as camas mais tarde. Quando uma menina indiana tentou sentar no mesmo banco que a Ane, ela nao deixou e falou que aquela cama era a dela, bem brava, rs. Depois ate ficou com pena, mas foi melhor assim, pq o trem estava bem vazio e acabamos indo quase que sozinhos nos bancos ate a noite na hora de montar as camas. Ai aos poucos o trem foi enchendo mas nos já tinhamos deitado e garantido nossa cama. O que nao quer dizer que teríamos uma boa noite de sono, pq o trem era barulhento, sujo e quente como o anterior. No fim, o trem encheu e ate no chão entre nossas duas camas tinha gente dormindo.

E depois de mais uma noite horrível num trem horrível, tivemos uma ótima surpresa ao amanhecer. No meio das nuvens cinza no horizonte começamos a ver la longe uma coisa branca, muito bonita. Esfregamos os olhos pra ver se nao estávamos sonhando... Era ele mesmo: Taj Mahal!!!!
Eba, a parte bonita da viagem na India estava começando! Será???

PS: Post sem fotos porque na India a eletricidade nao é estável e confiável então ficamos sem bateria no IPod enquanto estávamos em Varanasi.


Renner & Ane Gimenes
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2 comentários:

  1. Showwww... vontade da porra de largar tudo e encontrar voces..kkk mano.. meu visto ta embaçado.. nada ainda....vamos ver.!!! Abraço se cuidem!

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  2. Nossa!! Esse Rio Ganges é nojento! Como pode ser considerado sagrado e ao mesmo tempo tão mal cuidado! Mas acho que ver de perto, valeu à pena, né? Adoro ler o blog de voces! Beijinhos, meus filhos!

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