segunda-feira, 18 de julho de 2011

India - Agra & Delhi

Apesar da vista, o tempo tbm não estava com uma cara boa. Saímos do trem e a estação era como todas as outras do país, suja, cheia, sem placas e sem local ou pessoas para pedir informação. Achamos a saída e assim que pisamos fora da estação, começou a chover. Entramos no primeiro tuk-tuk que vimos e fomos pra as guesthouses que tínhamos pesquisamos. Fomos em duas e as duas eram ruins e/ou estavam sem força. Pra chegarmos nas duas primeiras guesthouses nós tivemos que quase brigar com o motorista que estava fazendo de tudo pra nos levar para onde ele ganharia comissão. Como não gostamos das guesthouses que tinhamos visto, fomos na que ele sujeriu e adivinha ... não passamos da recepção. Tbm não tinha força e nem tinha gerador. A cidade de Agra tem um blackout diário durante a maior parte do dia. Se vc quer luz de dia tem que ter gerador!
Ai decidimos ir numa regiao mais cara, mas mais próxima do Taj Mahal mas que não permite nenhum veiculo motorizado, e ai o motorista ficou doido e inventou mil historias para nos fazer mudar de idéia. Bom, ele foi ate onde podia e nos deixou relutantemente, mas fomos em frente em baixo de chuva e andamos mais alguns minutos ate o próximo hotel. As ruas nessa area eram bem menos sujas que da outra parte da cidade que vimos, com mais arvores e hoteis chiques. Chegamos no hotel e finalmente poderíamos ficar num lugar decente. Há, pegadinha!!! O hotel tava cheio e teríamos que esperar pelo menos duas horas pra saber se eles iam ter quartos disponíveis. Então saímos e fomos pra um outro do mesmo dono mais alguns minutos andando. Pelo menos a chuva tinha parado já. Chegamos no hotel que ate era legalzinho, mas mais caro do que esperávamos.
Na melhor parte do dia, ao nos planejar pra ver o que fariamos durante o dia, descobrimos que o Taj Mahal não abria de sexta feira. Escolhemos o dia certo pra chegar na cidade, quando o único ponto turístico de lá esta fechado!!!
Só nos restou uma coisa a fazer, tomamos um banho e dormimos a tarde toda, já que nao tinhamos dormido muito no trem!! Acordamos quase a noite, saímos pra jantar no outro hotel que tinhamos ido antes e voltamos pra dormir cedo pra acordarmos cedo pra finalmente irmos no Taj Mahal.

Acordamos cedo e as 6:30 já estávamos na porta do Taj. A entrada foi uma bica, turista paga dez vezes mais caro do que indiano. Obviamente que estava cheio, mesmo sendo bem cedo. Uma bagunça básica, desorganização na hora de entrar, passar em raio-x e tal. Bom, entramos e começamos a tentar tirar fotos não grupais, rs
O Taj Mahal é muito bonito, todo de mármore branco e é bem grande! E ele tambem é todo trabalhado e decorado com pedras preciosas, principalmente por dentro porque do lado de fora a metade já foi arrancada por visitantes . De cada lado dele tem uma mesquita e ao redor do Taj tem 4 pilares, que são inclinados, tipo a Torre de Pizza, pra que as torres caiam longe dele, se tiver um terremoto. Dentro do Taj esta a sepultura de Mumtaz Mahal, a musa inspiradora dessa bela construção, que na verdade nada mais é que um mausoléu! A beleza do local se completa com os jardins verdinhos e "piscinas" em frente ao monumento. E é lá que vemos cenas bizarras de turistas tirando fotos segurando o Taj pela ponta da cúpula, ou foto pulando, ou simplesmente posam em frente a ele com cara séria, como fazem muitos chineses, árabes e indianos. O que eu acho muito engraçado pq nós brasileiros costumamos sorrir nas fotos... 
Então tiramos algumas fotos, enquanto recusávamos os guias que insistentemente ofereciam serviços por ali. A maioria foi foto grupal mesmo pois tinha muito turista e eles nao esperam vc terminar de tirar sua foto e entram na frente.
Então vcs nos perguntam 'o q vcs acharam do Taj Mahal?' Bom, realmente é muito bonito, é menor do que eu imaginava e parece que sua beleza é acentuada pela feiura de tudo  mais que vimos no resto do país. Vale a pena ir pra India só pra vê-lo? Humm, acho que nao!! Mas aí vai de cada um.




Voltamos pro hotel cedo ainda, fizemos checkout e fomos pra estação de trem para tentarmos pegar um trem no mesmo dia pra Delhi. Na estação o caos reinava, ficamos mais de meia hora andando de um lado pro outro perguntando onde poderíamos comprar algum trem pra Delhi e no fim descobrimos que tínhamos ficado presos na cidade pq nao tinha vagas no trem pelos proximos 3 dias. Ate tinham outros turistas na estação e quando fomos falar com eles vimos que todos estavam na mesma situação. Pegamos o guia e começamos a tentar descobrir o que fazer.
Achamos um terminal de ônibus a alguns quarteirões da estação de trem e lá fomos nós de mochilas nas costas. Antes mesmo de chegar no terminal já vimos os ônibus que estavam saindo do terminal cheios de gente, bichos, caixas, sacolas. Tudo isso dentro e em cima do ônibus. Já entramos no terminal sabendo que iríamos sair de lá com as mãos abanando, mas fomos lá. Depois de todos os ônibus caindo aos pedaços, vimos lá no fundo um ônibus com ar condicionado (da pra saber quando tem vidro em todas as janelas), inteiro e ate meio novo. Já corremos pq tbm vimos alguns turistas por perto, mas quando perguntamos pro motorista ele disse que tinhamos que comprar passagem no guiche. Corremos ate os guiches e nao tinha ninguém pra vender passagem praquele ônibus, só pros ônibus comuns. Voltamos e pedimos pro motorista pra ele nos vendem uma passagem, mas ele continuava dizendo que não. Ficamos do lado de lado desconsolados vendo os outros turistas que já tinham passagem entrarem no ônibus.  Ai depois que todos já estavam no ônibus vimos um coreano conversando com o motorista, que apontou pra nos durante a conversa. Opa, já pensamos que poderia ser alguma coisa boa, e o motorista chamou um outro cara que nos chamou e chamou o coreano tbm, pediu nossas malas e nos mandou pra dentro do ônibus na ultima fila!! Finalmente íamos naquele dia mesmo de volta pra Delhi. Dentro do ônibus, pagamos e pegamos a passagem pra poder respirar fundo.
Algumas varias horas depois chegamos em Delhi. Obviamente que o ponto final do ônibus era em terminal no meio do nada, e teríamos que pegar um tuk-tuk pra um metro ou qualquer outro canto da cidade. Ai dividimos com o coreano ate o metro mais próximo. O motorista do tuk-tuk nem sabia chegar em nenhuma estação de metro, ai ficamos passeando pela cidade por alguns minutos e depois de pegar informação com alguns taxistas ele nos deixou em uma estação, e quis nos cobrar mais do que combinamos. Ai rolou uma discussãozinha e tal, mas pagamos o que tínhamos combinado e fomos embora.
Como já estávamos bem cansados de tudo aquilo que a India estava nos proporcionando, decidimos ficar num hotelzinho melhor dessa vez. Mais tarde fomos jantar com o coreano e voltamos pro hotel.

Acordamos tarde mas saímos direto pra tentarmos ver o Forte Vermelho de novo. Só tinhamos esquecido que era domingo e estava uma fila simplesmente imensa na porta. Parecia que metade da cidade estava lá pra ver o forte no mesmo dia, e a fila não parecia estar andando não!! Ai pela segunda vez fomos ate o forte e perdemos viagem, mas dessa vez como ainda era cedo, fomos pro local da cremação de Gandhi.
É um parque bem grande, que tem uma parte cercada que voce tem que tirar os sapatos pra entrar, como em quase todo lugar importante e turístico do pais!! Entrando lá voce vê uma pedra com o nome dele e tbm uma tocha em sua homenagem, que fica sempre acessa. Bem simples e se não fosse por ser por alguém tão importante seria bem sem graça.
Logo ali perto tinha um museu dedicado ao Gandhi tbm, com muitas fotos de varias épocas de sua vida. Tbm contam sua história através dessas fotos e de objetos usados por ele ao decorrer da vida. Sua história é bem interessante e vale a pena saber mais a respeito do que ele fez pelo seu pais e por seus compatriotas, tanto na India quanto na Africa do Sul, onde ele trabalhava como advogado quando era jovem.




No dia seguinte finalmente conseguimos ir no escritório da Qantas para mudar a data do nosso voo para o mais cedo possível. O voo pra Jordânia era só de manha cedao e já tinhamos perdido o daquele dia, terça feira não tem voo, então tivemos que mudar para quinta feira. Conclusão, teríamos que esperar mais três dias inteiros ja cansados da India e sem ter mais nada pra ver em Delhi.
Como estávamos perto, paramos em Connaught Place, uma praça conhecida em Delhi, pra darmos uma volta e almoçarmos. Depois voltamos pro hotel e ficamos escrevendo pra tenta por o blog em dia. Num café perto do hotel onde fomos aproveitar o ar condicionado pra tomar alguma coisa, a Ane fez henna na mão, um desenho indiano tradicional que as mulheres indianas costumam fazer em festas e casamentos.



O dia seguinte nao foi lá muito produtivo, acordamos tarde, fomos na internet pra pesquisar sobre a Jordânia e demos umas caminhadas pelo bairro, pra vermos um pouco mais da vida cotidiana dos indianos. 
No outro dia, saímos do hotel e ficamos praticamente a tarde toda no mesmo café escrevendo no blog e espera do dar o horário pra irmos pro aeroporto. Alias nao tinhamos muito horário, só tinhamos que ir antes de fechar a linha de metro do aeroporto pq nosso voo só ia sair no dia seguinte de manhãzinha. Ai pasamos a noite no aeroporto, esperando dar 6 da manha pra finalmente voarmos pra longe da India.


Renner & Ane Gimenes
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sexta-feira, 8 de julho de 2011

India - Varanasi

Saímos da estação de trem e pegamos um tuk-tuk pra guethouse. O maldito motorista nos levou pra guesthouse errada, de proposito, claro, pq ele ganha comissão se ficarmos no comparsa dele. Mas como estavamos mto cansados, e o quarto tava razoavel, resolvemos ficar. Deixamos as malas no quarto e seguimos pra ver o famoso Rio Ganges. Por causa da época, logo antes das chuvas, o rio estava bem seco e podíamos ver um grande banco de areia na outra margem. O rio parecia bem sujo, mas ate então, nada demais pra quem já conhece o Tietê.
Descasamos um pouco no fim da manha, já que não tínhamos dormido direito no trem e fazia uns 40 graus lá fora. Quando acordamos pegamos um mapa da cidade com o dono da pousada e fomos ver e tirar fotos dos outros ghats, as escadarias que descem ate o rio.
Pegamos o rickshaw, o meio de transporte mais barato da india. É basicamente um bicicleta que puxa uma carroça pra duas pessoas. No meio do caminho, já estávamos com tanta pena do tiozinho que estávamos pensando em pagar a corrida toda mas descer no meio, só pra poupar as pernas do tio, mas ai chegou na descida e ele foi só descansando ate a avenida onde descemos. Por mais que seja um transporte comum, nós nos sentimos mal em ver uma pessoa fazer tanto esforço só pra nos levar de um lugar para o outro, por tao pouco dinheiro. Parecia mais um escravo!
Paramos pra almoçar num restaurante no centro da cidade que parecia meio caro mas limpinho, e depois seguimos para o rio. Os ghats principais eram bem grandes, e tinham muitos barcos parados, os outros menores tinham varias pessoas nadando, lavando roupas ou ate dando aulas de natação pra as crianças. O povo lavando roupa é engraçado porque eles colocam a roupa em cima de uma pedra ou madeira lisa e literalmente começam a descer a paulada na roupa. Eles usam um bastão de madeira e simplesmente batem na roupa ate ela decidir ficar limpa ?!?! E muitas lavadeiras remuneradas lavam as roupas dos seus clientes ali, no Ganges!
No caminho de volta para a guesthouse vimos um ghat de cremação, não o principal onde a cremação é praticamente 24/7, mas um menor onde haviam 3 corpos sendo cremado. Enquanto um corpo já estava no fogo, outro estava sendo coberto por galhos secos e o outro ainda estava tendo o rosto limpo pela família com agua do rio sagrado e recebendo uma oração. Depois de cremação, eles retiram das cinzas as jóias que estavam no corpo e jogam as cinzas no rio.
Obviamente que pra muitos indianos esse é um processo bem caro porque nao é qualquer pessoa que vai lá e queima um corpo, existem pessoas que você tem que pagar por esse serviço. Porém as pessoas que não tem dinheiro, pra garantir que o familiar morto vá para o rio sagrado, acabam jogando o corpo inteiro no rio. E isso não só com pessoas, animais também. Foi bem interessante ver tudo isso acontecendo por lá e ver como uma outra cultura lida com a morte de um jeito bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. Enquanto víamos a cerimonia a Ane puxou papo com o indiano do lado dela que mais tarde nos contou que trabalhava ali na cremação. Ela disse, "que triste isso ne?" ele respondeu: "triste? Pq?" ela disse: "pq uma família perdeu um ente querido" Ele falou: "nao, esse é um dia mto feliz pra eles pq esse parente vai para de reencarnar e alcançara Nirvana". Foi um papo curto mas muito interessante!!
Enquanto voltávamos pra guesthouse passando por vários ghats, percebíamos que entre os degraus, onde tem uma área que se pode caminhar, e que liga um ghat ao outro, as pessoas costumavam usar como banheiro, então vimos (e sentimos o cheiro) muitos cocôs espalhados pelo chão, e algumas vezes ate as pessoas fazendo os respectivos cocôs, então depois de andarmos por algumas horas e vermos tudo isso, estávamos praticamente decidimos que já tínhamos visto suficiente da cidade.

Então só uma retrospectiva, nós vimos no rio: cinzas de pessoas; animais inteiros, só enrolados em panos; pessoas usando o rio como banheiro(numero 2 mesmo!); animais vivos, tem muitos búfalos na região; pessoas lavando roupa; crianças tendo aula de natação; crianças brincando; pessoas tomando banho e acredite se quiser, gente abrindo massa de pão no chão dos degrais!! Bom, tire suas próprias conclusões !!

A noite depois da janta, enquanto voltávamos pra "casa", acabou a luz da rua, coisa bem comum na cidade, e tivemos que ir andando no escuro, com gente nos encarando, carros, motos e vacas passando por todo lado, chutando o lixo e com medo de pisar em cocô! Ficamos com medo pq se alguém quisesse nos fazer mal ou roubar, ninguém ia ver direito nem impedir! Graças a Deus, nao aconteceu nada e a luz voltou quando chegamos na porta do hotel!
No dia seguinte cedo saímos para um tour pela cidade de tuk-tuk. Visitamos a universidade de Varanasi, que é bem grande e cheia de jardins e árvores para todos os lados. E que também estava vazia porque era época de férias. Vimos o templo dos macacos, um templo que nao conseguimos ver do lado de dentro pq estava lotado de gente, mas que tinha muitos macacos, todos soltos do lado de fora, onde tambem vimos muito lixo, e consequentemente era o que os macacos comiam e usavam pra brincar. Vimos um outro templo que tinha um mapa bem grande do país no chão, como se fosse uma maquete, mas não vimos muito bem porque não nos deixaram entrar com os sapatos nas mão e deixar os nossos únicos tênis lá do lado de fora no degrau pra alguém levar nao era nossa intenção.
Depois dos templos fomos ver o processo de fabricação de tecidos, pra chales, saris e lençóis. Foi bem interessante e vimos desde como eles definem o desenho do bordado ate o tecido sendo feito na máquina de tecer. Tudo feito manualmente. E é claro que depois fomos levados pra uma loja onde eles nos mostraram todos os produtos que eles faziam ali. Acabamos comprando algumas coisas e fomos embora.
Chegamos na guesthouse por volta da hora do almoço, pegamos as malas e fomos almoçar. Decidimos ir cedo pra estação pra tentar não perder nosso lugar no trem. Acabamos tendo que ficar esperando por mais de uma hora sentados em cima das malas num chão imundo. Bom, toda a estação era tão imunda que ate tivemos que tirar o lixo pra poder por as malas no chão pra sentarmos.
Éramos os únicos estrangeiros na estação, então todos olhavam muito pra nós, ate que chegaram uns argentinos mas que logo foram para o fim da plataforma depois de conversarmos um pouco, então continuamos sendo o centro das atenções por ali.
Quando o trem finalmente chegou, fomos os primeiros a entrar no vagão. Já sentamos cada um em um banco e tbm colocamos as malas em cima pra garantir que só nós iríamos ficar nos bancos, que virariam as camas mais tarde. Quando uma menina indiana tentou sentar no mesmo banco que a Ane, ela nao deixou e falou que aquela cama era a dela, bem brava, rs. Depois ate ficou com pena, mas foi melhor assim, pq o trem estava bem vazio e acabamos indo quase que sozinhos nos bancos ate a noite na hora de montar as camas. Ai aos poucos o trem foi enchendo mas nos já tinhamos deitado e garantido nossa cama. O que nao quer dizer que teríamos uma boa noite de sono, pq o trem era barulhento, sujo e quente como o anterior. No fim, o trem encheu e ate no chão entre nossas duas camas tinha gente dormindo.

E depois de mais uma noite horrível num trem horrível, tivemos uma ótima surpresa ao amanhecer. No meio das nuvens cinza no horizonte começamos a ver la longe uma coisa branca, muito bonita. Esfregamos os olhos pra ver se nao estávamos sonhando... Era ele mesmo: Taj Mahal!!!!
Eba, a parte bonita da viagem na India estava começando! Será???

PS: Post sem fotos porque na India a eletricidade nao é estável e confiável então ficamos sem bateria no IPod enquanto estávamos em Varanasi.


Renner & Ane Gimenes
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